A gripe H1N1 está aí. O Brasil já está com seu oitavo morto (escrevo na sexta-feira, 17 de julho, 19h). Muito provavelmente, segunda-feira, este valor terá subido para duas casas decimais.
Na Argentina já somamos mais de 100 mortos. Assim como em outros países, os óbitos estão aumentando na mesma proporção que o medo e o pavor da população.
Agora pense comigo. Já pensou se a situação escapa de controle e passamos a ter essa quantidade de mortos por dia? Segunda, 100 mortos. Terça, 200. Quarta, 300... Imagine agora 1.000 mortos por dia! Para onde você correria? Talvez, pela primeira vez, aqueles bunkers subterrâneos contra ataques nucleares, da época da guerra fria, tivessem algum valor. Levaria minhas camisas do Flamengo, meu gato, meu cachorro... talvez a vizinha do terceiro andar (que a minha esposa não me leia).
Imaginou? Pode parar, pois isso acontece diariamente. Aconteceu ontem, hoje e amanhã fatalmente ocorrerá. Só que aonde se lê "gripe H1N1" troque por "tuberculose".
E aonde se lê "1.000 mortes diárias" aumente para 4.500 no mundo.
Tenho certeza que se eu bater lá no apartamento da minha vizinha ela vai dizer exatamente isso: - "Ir para onde? Quantos morreram? De quê?"
Passam-se os dias, as mortes vão se acumulando mas ninguém sai correndo. Nem William Bonner, nem Lula... nada, ninguém fica alarmado a ponto de tomar uma atitude real para combater o problema.
Mas bastaram 8 mortes por H1N1 e o rebuliço se formou. Tudo porque esses 8 podem viajar para o exterior, podem estar no mesmo restaurante que o governador ou o prefeito, podem até mesmo encontrar com o William Bonner, quem sabe.
O dia em que procurarmos abrigo ou nos mexermos de verdade porque 4.500 pessoas estão morrendo a cada 24 horas, neste dia saberemos que as pessoas serão vistas como iguais. Sem olhar primeiro para a etiqueta da roupa ou para o cheiro do arroto do almoço ( se é que houve almoço).
Vamos lá, faça a sua lista. Mas a vizinha - vou adiantando - eu vi primeiro.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
1, 2, 10, 4.500
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